A arte mariana dentro da Igreja: como tudo começou

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Posturas na arte iconográfica e seus significados mariológicos

Virgem Mãe com o Menino em posição lateral

Ambos em postura ereta

– entronizada

– Virgem Mãe com seu Filho entre os 11 Apóstolos, e Paulo e os dois evangelistas não apostólicos, abside, afresco, sob uma teofania do Antigo Testamento (Cristo na glória na  carruagem de Ezequiel), Capela 6, Mosteiro de São Apolônio, Bawit, Museu de Arte Copta. Cairo Velho, século VI.

– em pé

– Virgem Mãe com o Menino entre os anjos, abside, mosaico, Igreja da Virgem Panagia Angeloktìstos, Chiti (Lanarka), Chipre, séc. VI-VII.

Composições não absidais que remetem ao tipo em questão:

– Virgem Mãe com o Menino (Virgem do conforto), meio corpo, ícone, S. Maria Nova (S. Francesca Romana), Roma, séc. VI.

– Virgem Mãe com o Menino, ícone, S. Maria ad Martyres (Panteão), Roma, antes de 609.

Observações

Nesta variante do tipo axial, o significado da verticalidade das figuras não é apenas função do espaço envolvente, mas também do tipo de relação, figurativamente sugerida, entre as duas personagens: segurando-o num braço, a Mãe aponta para o Menino, sem olhar para ele, levantando e estendendo a mão livre para ele. Esse gesto nem sempre está presente nas obras mais antigas, composicionalmente mais livres, mas se estabiliza no período seguinte para expressar e significar duas funções específicas da Virgem Mãe: apresentar Jesus como Senhor e Salvador, e interceder junto a Ele. Dada a posição ereta de ambos os personagens, o silêncio dos afetos permanece, de modo que mesmo aqui a figura da Mãe aparece inteiramente em função da do Filho, mas com a indicação adicional de seu papel de mediadora. Odigitria é o seu nome grego.

b. A Criança aproxima o rosto ao da Mãe (face a face) não há exemplos absidiais para o período em questão; as imagens deste tipo, hoje designadas de Virgem da Ternura, são habitualmente imagens portáteis, sobre suporte de madeira, veneradas em capelas/santuários como milagrosas ou escolhidas para devoção privada.

Uma composição não absidal que remete ao tipo em questão:

– Virgem Mãe com o Menino entre dois anjos, in trono, marfim copta, Walters Art Gallery, Baltimore.

Virgem Mãe segurando um clipeo no qual está representado o Verbo Encarnado

– entronizada

– Virgem Mãe entronizada com o Menino representado a meio comprimento dentro de um clípeo em posição axial, ladeado por dois anjos, sob a teofania intemporal de Cristo Senhor, representado a meio comprimento dentro de uma auréola gloriosa, entre dois anjos, abside nicho, afresco, do mosteiro de São Jeremias, Saqqarah, Museu de Arte Copta, Cairo Velho, VI-VII séc.

Uma composição não absidal que remete ao tipo em questão:

– As três santas mães: a Virgem Mãe está no centro com o Menino em uma amêndoa de luz, ladeadas por Santa Ana e S. Isabel que seguram suas respectivas crianças no braço), pintada em afresco, S. Maria Antiqua, Roma, século VII.

Observações

Este tipo iconográfico deriva da iconografia triunfal imperial (também utilizada para os cônsules) e do retrato votivo em escudo oval, decorado com a efígie do soberano. A liturgia imperial contemplava cerimônias de apresentação do retrato do jovem soberano; havia também o costume de a imperatriz ou dignitários usarem o retrato do imperador em um medalhão (imago clipeata), novamente com o objetivo de “apresentar” a imagem simbólica do basileus. Ao segurar o clípeo, oval ou redondo, com a figura do Verbo encarnado, a Virgem Mãe, portanto, apresenta-o ao mundo como divino Salvador e anuncia que chegou a hora do seu Reino; também neste caso se destaca a sua função de “introdutora”, de “apresentadora”, mas com especial ênfase no caráter divino da Criança desde o momento do seu nascimento.

E é precisamente esta ênfase que explica que o clípeo oval sobre o qual se destaca a figura do Menino no afresco das Três Mães é constituído por uma amêndoa de luz, o sinal teofânico por excelência. Mas na igreja de Panagia Kanakaria a amêndoa luminosa também contém a Virgem Mãe. Para explicar este caso único na iconografia do primeiro milênio, devemos levar em conta que a amêndoa de luz, reservada exclusivamente para imagens de Deus, poderia incluir a Virgem Maria apenas na medida em que se pretendesse enfatizar a ideia de sua maternidade divina, ela para ser a Deipara, a Theotokos: Para fazer a imagem implicar que Maria deu à luz a Deus, foi pensado para mostrar a divindade do Menino desde o primeiro instante de seu nascimento; e para expressar esta idéia, a Mãe foi incorporada à amêndoa divina do Filho. Deste modo, a iconografia da primeira aparição do Salvador aos homens foi assimilada às teofanias das visões dos Profetas e Apóstolos (Transfiguração) ou de São João no Apocalipse.

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Responses

  1. Fico pensando , como surgiu tanta inspiração para pintar essas obras e ao mesmo tempo compreendo que a inspiração vem do conhecimento espiritual expresso no movimento de cada obra, referente a cor, luz, lugar etc

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