Via Matris 1ª Estação: Maria aceita com fé a profecia de Simeão

RITOS DE INTRODUÇÃO
V. Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo: a ele o louvor e a glória para sempre.
R. Na sua misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva com a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.
O Pai que não poupou seu Filho unigênito da paixão e da morte para chegar à Ressurreição, não poupou a sua Mãe, a quem amava, o abismo da dor e o tormento da provação.
A bem-aventurada Virgem Maria avançou na peregrinação da fé e manteve fielmente a sua união com o Filho até à cruz, onde, por desígnio divino, sofria profundamente com o seu Unigênito e associava-se a ele com a alma materna no seu sacrifício, consentindo amorosamente a imolação da vítima por ela gerada; e finalmente, por Jesus morrendo na cruz, ela foi dada como mãe ao discípulo com estas palavras:
(Lumen Gentium 58)
Contemplemos e vivamos a dor e a esperança da Mãe. Que a fé da Virgem ilumine nossa vida; que a sua proteção materna acompanhe o nosso caminho para o Senhor da glória.
Breve pausa de silêncio
Oremos.
Ó Deus, de infinita sabedoria e piedade, que amais tanto os homens que os quereis participantes com Cristo do seu eterno plano de salvação: revivemos com Maria a força vital da fé, que nos fez vossos filhos no baptismo, e com ela aguardamos o alvorecer da ressurreição.
Por Cristo nosso Senhor
Amém
Via Matris
1ª ESTAÇÃO
Maria aceita com fé
a profecia de Simeão
V. Nós te louvamos e te bendizemos, Senhor.R. Porque associaste a Virgem Mãe à obra da salvação. |
Do Evangelho segundo Lucas 2,22-35 Quando chegou o tempo da purificação deles, segundo a Lei de Moisés, levaram o menino a Jerusalém para oferecê-lo ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor: todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor; e oferecererá em sacrifício um par de rolas ou pombinhos, conforme prescreve a lei do Senhor.Ora, em Jerusalém havia um homem chamado Simeão, homem justo e temente a Deus, esperando o consolo de Israel; o Espírito Santo que estava sobre ele, havia predito que ele não veria a morte sem primeiro ver o Messias do Senhor. Movido, portanto, pelo Espírito, ele foi ao templo; e enquanto os pais levavam o menino Jesus para cumprir a Lei, ele o tomou nos braços e bendisse a Deus:«Agora, ó Senhor, deixa o teu servoir em paz, segundo a tua palavra;porque meus olhos viram a tua salvação,preparada por ti diante de todos os povos,luz para iluminar as naçõese a glória do teu povo Israel”.O pai e a mãe de Jesus ficaram maravilhados com as coisas que se diziam sobre ele. Simeão os abençoou e falou a Maria, sua mãe: «Ele está aqui para a ruína e ressurreição de muitos em Israel, um sinal de contradição para que se manifestem os pensamentos de muitos corações. E uma espada também traspassará a tua alma». |
A apresentação de Jesus no templo mostra-O como Primogénito que pertence ao Senhor. Com Simeão e Ana, é toda a expectativa de Israel que vem ao encontro do seu Salvador (a tradição bizantina designa por encontro este acontecimento). Jesus é reconhecido como o Messias tão longamente esperado, «luz das nações» e «glória de Israel», mas também como «sinal de contradição». A espada de dor, predita a Maria, anuncia essa outra oblação, perfeita e única, da cruz, que trará a salvação que Deus «preparou diante de todos os povos».Catecismo da Igreja Católica 529 |
MEDITAÇÃO |
Depois de reconhecer em Jesus a luz para iluminar as nações (Lc 2,32), Simeão anuncia a Maria a grande prova a que o Messias é chamado e revela-lhe a sua participação neste doloroso destino.A referência ao sacrifício redentor, ausente na Anunciação, mostrou no oráculo de Simeão quase um segundo anúncio, que levará a Virgem a uma compreensão mais profunda do mistério do seu Filho.Simeão, que até aquele momento se dirigira a todos os presentes, abençoando em particular José e Maria, agora prediz apenas à Virgem que ela terá parte no destino do Filho. Inspirado pelo Espírito Santo, ele lhe anuncia: “Ele está aqui para a ruína e ressurreição de muitos em Israel, um sinal de contradição – e uma espada traspassará a tua alma também – para que os pensamentos de muitos corações sejam revelados” (Lc 2,34-35). Estas palavras predizem um futuro de sofrimento para o Messias. É ele, de fato, o sinal de contradição, destinado a encontrar dura oposição por parte de seus contemporâneos. Mas Simeão combina o sofrimento de Cristo com a visão da alma de Maria trespassada pela espada, ligando assim a Mãe ao doloroso destino do Filho. Assim, o santo ancião, ao mesmo tempo que destaca a crescente hostilidade com que se depara o Messias, sublinha as suas repercussões no coração da Mãe. Este sofrimento materno chegará ao seu ápice na paixão quando ela se unir ao Filho no sacrifício redentor. Vindo depois de uma referência aos primeiros cânticos do Servo do Senhor (cf. Is 42,6; 49,6), citado em Lc 2,32, as palavras de Simeão fazem-nos pensar na profecia do Servo sofredor (Is 52,13-53,12), que, traspassado por nossos crimes (Is 53,5), se oferece em expiação (Is 53,10) por meio de um sacrifício pessoal e espiritual, que excede em muito os antigos sacrifícios rituais. Podemos notar aqui como a profecia de Simeão nos permite vislumbrar no futuro sofrimento de Maria uma singular semelhança com o futuro doloroso do Servo. Maria e José não se surpreendem quando Simeão proclama Jesus luz para iluminar as nações e glória de Israel (Lc 2,32). Maria, por outro lado, em referência à profecia da espada que traspassará sua alma, não diz nada. Juntamente com José, acolhe silenciosamente aquelas palavras misteriosas que anunciam uma prova muito dolorosa e colocam a apresentação de Jesus no Templo no seu significado mais autêntico. De fato, segundo o desígnio divino, o sacrifício oferecido por ocasião de um par de rolas ou rolas, conforme prescreve a lei (Lc 2,24) era um prelúdio do sacrifício de Jesus, manso e humilde de coração (Mt 11,29); nele se faria a verdadeira apresentação (cf. Lc 2,22), que veria a Mãe associada ao Filho na obra da redenção. À profecia de Simeão segue-se um encontro com a profetisa Ana: Também ela começou a louvar a Deus e falou do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém (Lc 2,38). A fé e a sabedoria profética da anciã que, servindo a Deus noite e dia (Lc 2,37), mantém viva a expectativa do Messias com jejuns e orações, dão à Sagrada Família um novo impulso para colocar a seu esperança no Deus de Israel. Em um momento tão particular, o comportamento de Ana terá aparecido a Maria e José como um sinal do Senhor, uma mensagem de fé iluminada e serviço perseverante. A partir da profecia de Simeão, Maria une de forma intensa e misteriosa a sua vida à dolorosa missão de Cristo: tornar-se-á colaboradora fiel do Filho para a salvação da humanidade. João Paulo II, da catequese de quarta-feira, 18 de dezembro de 1996 |
Oremos: Ó Pai, fazei brilhar sempre a Igreja virgem, Esposa de Cristo, pela fidelidade incontaminada à aliança do vosso amor; e a exemplo de Maria, tua humilde serva, que apresentou no templo o Autor da Nova Lei, conserve a pureza da fé, alimente o ardor da caridade, reavive a esperança nos bens futuros. Por Cristo nosso Senhor. Amem |
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