Virgem Maria na Ressurreição do Senhor – Análise dogmático-litúrgica

Neste 5 dia da Novena celebramos a Virgem Maria na Ressurreição do Senhor

A liturgia eucarística celebra a ressurreição do Senhor e a imensa alegria que ela espalha, irradiando-se por todo o mundo, na Igreja nascente, em Maria. A Virgem Pascal é um exemplo de fé para os discípulos que confessam Cristo ressuscitado.

«Se Cristo não ressuscitou dos mortos, nossa fé é vã e ainda estamos em nossos pecados» (1 Cor 15,13.17). O clamor do apóstolo Paulo desafia o fiel , impelindo-o a olhar para o abismo de desespero em que cairia se o evento-ressurreição não tivesse acontecido: a inutilidade da fé seria um ato inofensivo. Ao contrário, o envenenamento do pecado seria dramático, incurável durante o arco existencial na terra e sem esperança na dimensão da incorruptibilidade que ninguém alcançaria, pois não haveria repouso.

O argumento dramático de Paulo ressoa como um alerta para nossas culturas amontoadas em uma dimensão horizontal; oferece uma perspectiva de libertação à nossa mentalidade deprimida, pessimista, derrotista, inimiga do homem vivo e do futuro. A vitória sobre tudo isso – e muito mais – torna-se certa para nós, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.

O Senhor ressuscitou verdadeiramente! Ao contrário de antes da morte, quando a miríade de pessoas viu e ouviu Jesus, em sua nova identidade ressuscitada apenas os discípulos o vêem e ouvem durante a ‘Quaresma Pascal‘, ou os quarenta dias em que compartilham horas e comensalidade com ele, ou retornaram ao local de seus primeiros encontros no lago. Não basta ouvir e admirar o mestre Jesus: para cada um de nós é essencial fazer a experiência de Jesus ressuscitado, acumulando em nós sementes de ressurreição.

Nenhum dos quatro evangelistas fala de Maria, mãe de Jesus, o crucificado, que subiu ao túmulo de seu filho na madrugada do dia de sua ressurreição. A memória indelével na história da Páscoa fixou a memória de Maria de Magdala e da outra Maria (que certamente não é a mãe) correndo para aquele túmulo, que com sua mãe testemunhou a crucificação e sepultamento do Senhor. Entre os motivos da omissão, pode-se presumir a veracidade: a mãe permaneceu naquela madrugada na casa onde o apóstolo a quem Jesus amava a acolhera. Nem mesmo entre aqueles que encontram o Ressuscitado está a mãe listada por qualquer fonte canônica. No entanto, Maria foi uma presença certa na ressurreição de Jesus. Não são poucos os eventos da história e da fé que são verdade, mesmo que não apareçam nas crônicas.

A colocação do trecho mateano na forma “Santa Maria na ressurreição do Senhor” lembra o enredo lucano do anúncio angélico e do encontro com Isabel. Maria em Nazaré acolhe com satisfação o anúncio de que chegou a plenitude dos tempos, quando Deus envia o seu próprio filho nascido de mulher; Maria é exortada a levar a mensagem à casa de Zacarias. Junto ao túmulo de Jesus, Maria de Magdala e a outra Maria recebem o anúncio angélico de que a plenitude dos tempos se cumpriu, porque a humanidade de Jesus, o Senhor e Messias, renasce para uma nova vida na ressurreição e neste acontecimento anunciam aos apóstolos. Esses anúncios são tão surpreendentes que não deixam ninguém indiferente e, de fato, assustam. Mas vem a doce certeza: “Não tenhais medo“. 

Em Nazaré Maria sai do medo porque encontrou graça com Deus; no sepulcro as mulheres deixam de temer porque a palavra de Jesus, familiar e consoladora, desabrocha de grande alegria.

Assim se unem os dois nascimentos de Cristo: de Maria e do túmulo, ambos anunciados pelo anjo, ambos com as verdades fundamentais: a vida provém de Deus e a ele se encaminha e ali estava Maria, a cidade santa, a Nova Jerusalém.

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