Solenidade Santa Maria Mãe de Deus
Introdução
A Solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, celebrada em 1º de janeiro, no coração da oitava do Natal, destaca o mistério e a dimensão salvífica deste evento singular. Trata-se de uma antiga festa mariana, já celebrada em Roma no século VII, e restaurada no calendário romano promulgado por Paulo VI em 1969, seguindo as orientações do Concílio Vaticano II. Essa celebração não apenas reconhece a maternidade de Maria em sua profunda ligação com o mistério da Encarnação, mas também possui um caráter ecumênico, sendo igualmente comemorada em muitas liturgias orientais próximas ao Natal, com foco na maternidade prodigiosa de Maria. Este vínculo celebra a interseção única entre Deus e a humanidade, evidenciada na presença de Maria, pois, ao acolher Cristo em seu ventre, ela o ofereceu ao mundo como fonte de salvação por toda a história.
A maternidade virginal de Maria emerge como um sacramento do dom gratuito de Deus, unindo eternidade e temporalidade, virgindade e fecundidade, gratuidade e acolhida plena, eleição divina e resposta humana de fé. Na liturgia, Maria está intrinsecamente ligada à celebração do mistério do Redentor. Celebrar Maria é celebrar os mistérios de Cristo, dado o vínculo indissolúvel que fundamenta a veneração litúrgica a ela dedicada. Assim, Maria coopera na transfiguração da história em história de salvação, sendo sua maternidade o sinal visível da gratuidade divina e da fecundidade que nasce da fé e da disponibilidade humana diante da eleição divina.
Jornada Mundial da Paz e o início do ano civil e Maria
A Solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, celebrada em 1º de janeiro, conecta-se de forma harmoniosa com a Jornada Mundial da Paz e o início do ano civil. Como destacou São Paulo VI, esta celebração oferece uma oportunidade especial para renovar a adoração ao recém-nascido Príncipe da Paz, relembrar o anúncio angelical de alegria e pedir à Rainha da Paz o dom supremo da paz. A confluência dessas celebrações amplia o significado da maternidade de Maria, tornando-a intercessora de toda a humanidade no início de um novo ano, invocando tempos de paz e esperança para todos.
Maria, com sua presença tranquilizadora, recorda que o mundo não está destinado à desordem ou destruição, mas sim a uma vida plena, onde a fraternidade e a justiça prevaleçam sobre o egoísmo e a opressão. Como Mãe de Jesus e de todos os homens, ela ouve as súplicas de paz que se elevam de todas as partes da terra e intercede junto a Deus para que Ele apazigue os corações e guie a humanidade no caminho da verdadeira paz. Assim, o dia 1º de janeiro se torna uma data propícia para reafirmar valores de justiça e amor, bases duradouras para um mundo renovado pela paz autêntica.
O que celebramos?
Nesta Solenidade de Maria, Mãe de Deus, celebrada no contexto da Jornada Mundial da Paz, aprendemos com Maria que a verdadeira paz começa como uma disposição interior da alma. Seu “sim” generoso ao Verbo de Deus fez dela a portadora da paz divina, ensinando-nos que viver em paz significa harmonizar-se com o universo e reconhecer a interconexão com toda a criação. A paz, segundo Maria, não é uma ausência de conflitos, mas um compromisso ativo com a solidariedade, a fraternidade e o respeito por toda forma de vida, rejeitando a supremacia e a opressão.
Maria nos inspira a promover uma cultura de vida fundamentada em virtudes maternas e marianas, como a acolhida e a defesa dos vulneráveis — pequenos, idosos, estrangeiros e excluídos. Em contraste com a frieza de uma cultura cada vez mais violenta e divisiva, ela nos chama a sermos agentes de misericórdia e caridade. Ao oferecer Jesus, o Príncipe da Paz, ao mundo, Maria nos convida a ser prolongamentos visíveis de sua maternidade ativa, inserindo no mundo uma nova vitalidade evangélica, testemunhando a paz e a salvação em cada gesto de amor e cuidado com o próximo.
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