Encarnação e Ressurreição em relação a Maria
Introdução
O Espírito Santo, derramado por Cristo ressuscitado em Pentecostes, introduziu a primitiva comunidade cristã a uma compreensão mais profunda do ensinamento de Jesus. Graças a esta iluminação decisiva do Pneuma divino, a Igreja chegou a compreender (entre outras coisas) que a Mãe de Jesus era um elemento constitutivo e indispensável da fé. Portanto, ela também se tornou sujeito e objeto de catequese, de evangelização. O anúncio do Evangelho envolvia também o testemunho às “grandes coisas” que o Senhor realizou na pessoa e na obra de Maria. E tal testemunho foi prestado por Maria e pela Igreja juntas, de um modo que explicaremos. Veremos agora como a encarnação e a ressurreição de Cristo são consideradas os dois extremos essenciais que definem a sua obra de Salvador.
A Encarnação e a Ressurreição: uma síntese fundamental da identidade e do propósito de Cristo
No contexto das mensagens do Novo Testamento, a encarnação da Palavra e a sua ressurreição dos mortos são consideradas como os dois polos essenciais que sintetizam a pessoa e a missão de Cristo Salvador. Cinco dos textos correspondentes são extraídos das epístolas de Paulo (Gal 4,4-6; Rm 1,34; 10,6-7; 1 Tm 3,16 e 2 Tm 2,8), e dois dos Evangelhos (Lc 1,31-33 e Jo 1,13, lido no singular). Na seção seguinte, nos concentraremos em Gal 4,4-6 e Lc 1,31-33. Aqui, por outro lado, vamos resumir os três textos paulinos de Rm 1,3-4; lTm 3,16 e 2Tm 2,8.
No início de sua magnífica carta aos Romanos, Paulo se apresenta como “apóstolo“, ou seja, como um enviado escolhido para anunciar o Evangelho de Deus (v. 1). Este evangelho, que o Senhor havia anunciado no Antigo Testamento por meio de seus profetas, tem como objeto seu Filho (v. 2). E, ao tentar resumir as características desse Filho, Paulo menciona sua encarnação e ressurreição.
A Encarnação, pois ele descende da linhagem de Davi “segundo a carne” (v. 3), ou seja, em relação à sua origem humana, sua dimensão como Filho do homem. A Ressurreição, porque o Pai, ao ressuscitar o Filho dos mortos pelo Espírito Santo, o capacita a manifestar seu “poder“. A energia vivificante do Espírito Santo investiu a pessoa de Jesus ressuscitado e o transforma em um sujeito ativo de santificação. Sentado agora à direita do Pai, tendo sido revelada sua igualdade com Deus como seu Filho, ele pode derramar o poder do Espírito sobre toda criatura (cf. Rm 4,25b), e, portanto, torna-se o nosso “Senhor” (v. 4). À “fraqueza” ou kenosis de sua condição pré-pascal, agora se sobrepõe seu “poder” como Ressuscitado.
Na primeira carta a Timóteo, o apóstolo Paulo declara: “Devemos confessar que grande é o mistério da piedade: Ele se manifestou na carne, foi justificado no Espírito, apareceu aos anjos, foi pregado aos gentios, foi crido no mundo, foi recebido na glória” (3,16). O “mistério da piedade” sobre o qual o Apóstolo fala é o plano divino de nossa salvação. Um plano que é o objeto de nossa piedade, ou seja, de nossa fé, do que acreditamos.
Por natureza, esse mistério ou plano se concentra na pessoa de Cristo, é resumido na Encarnação e na Ressurreição. Na encarnação, o Filho de Deus se manifestou em forma humana, revestindo-se de nossa carne (cf. Rm 1,3; Jo 1,14). Na ressurreição, Ele foi “justificado no Espírito“. Isso significa que o Espírito Santo demonstrou que a ressurreição de Jesus (sua “ida ao Pai“) é uma “vitória triunfante” sobre as forças do Maligno (Jo 16,8.10).
Pelo Espírito Santo, o Cristo que foi morto foi exaltado na glória da ressurreição; da humildade da “carne“, Ele passa para a “glória” como Ressuscitado, pela energia transformadora do Espírito (cf. Rm 1,4). E a Ressurreição é um evento que abrange o céu e a terra, o mundo celestial e o terrestre:
- Cristo apareceu aos anjos (Fl 2,11; Ef 1,20 ss.; 3,10; 1 Pe 3,22…);
- foi pregado aos gentios (Rm 10,18; Cl 1,6.23…);
- no mundo, Ele é crido por aqueles que recebem a mensagem de seu evangelho (Mc 16,15-16; Rm 10,11-15…);
- no céu Ele está entronizado à direita de Deus (At 1,2; 2,32-33; Rm 1,4).
Na segunda carta a Timóteo (2,8), Paulo lembra: “Lembra-te de que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, da descendência de Davi, conforme o meu evangelho“. Na opinião tradicional, esta carta é a última do Apóstolo. Como tal, pode ser considerada seu testamento espiritual. Enquanto a espada já paira sobre sua cabeça, Paulo – ciente de que chegou ao fim de sua “corrida” (4,7) – reafirma qual é o núcleo do evangelho que ele pregou e que Timóteo deve “lembrar“. Este é composto pela pessoa de Jesus Cristo, ressuscitado dos mortos e descendente da linhagem de Davi. Essa dupla conotação parece se referir a Rm 1,4. No entanto, com uma diferença: a “ressurreição” é mencionada antes da “descendência davídica“. Quase como se a Páscoa fosse o prisma através do qual o Natal deve ser reinterpretado. O segundo nascimento de Cristo (a ressurreição) remete ao primeiro nascimento (a encarnação).
Encarnação e Ressurreição, com referência à pessoa de Maria
Vimos que o kerigma do Novo Testamento frequentemente associa imediatamente o mistério da Encarnação ao da Ressurreição, considerando-os como uma síntese de Cristo, o Verbo encarnado e o Messias divino. Agora devemos observar que esse mesmo kerigma conecta a pessoa de Maria tanto ao momento da Encarnação quanto ao da Ressurreição desse grande mistério único.
Maria e a Encarnação
Os dois textos de Gal 4,4-6 e Lc 1,31-33, por um lado, testemunham o Filho de Deus encarnado e ressuscitado e, por outro lado, implicam Maria no evento da Encarnação.
Gal 4,4-6 é um dos textos mais antigos do Novo Testamento, datando por volta do ano 50 d.C. Nele, Paulo faz referência aos dois elementos constitutivos da pessoa de Cristo. Primeiramente, há a memória da Encarnação. O Filho de Deus, como “enviado-apóstolo” (v. 4), veio até nós: nasceu de uma mulher, dentro de um contexto social bem definido, o povo de Israel, sob as leis da Lei mosaica.
Assim como qualquer ser humano, o Filho de Deus encarnado tem uma dimensão individual e social, ele é uma pessoa singular e membro de uma comunidade. A mulher da qual ele nasceu não é mencionada, mas é evidentemente Maria de Nazaré. Não sabemos com certeza se o apóstolo Paulo a encontrou pessoalmente, mas dentro da comunidade apostólica, ele certamente deve ter aprendido que Miriam de Nazaré era a mãe de Jesus.
Em segundo lugar, a ressurreição de Cristo. Paulo alude a ela de maneira indireta quando afirma que recebemos a adoção como filhos, pois Deus enviou o Espírito de seu Filho em nossos corações, que clama: “Abbá, Pai!” (v. 6). Na teologia de Paulo, é um ponto estabelecido que o Espírito Santo é o fruto global da missão de Jesus. Somente como resultado da ressurreição dos mortos, Cristo se torna o doador do Espírito (cf. Rm 1,4), tornando-se o “espírito vivificante” (1 Cor 15,45). Ele, como Filho de Deus desde a eternidade, possui o Espírito de maneira única, mas o comunica a nós, de modo que todos, tornando-se “filhos no Filho“, possamos clamar: “Abbá, Pai!” (Gal 4,6; Rm 8,15-17).
Lc 1,31-33, por outro lado, faz uma referência explícita à mãe de Jesus. A virgem de Nazaré, chamada Maria, é a mulher que Deus escolheu para conceber, dar à luz e dar o nome de Jesus ao Filho do Altíssimo que está para nascer (v. 31). Este, ressurgindo dos mortos, herdará o trono de seu pai Davi e reinará para sempre sobre a Casa de Jacó (vv. 32-33). Essas palavras do anjo Gabriel ecoam a promessa feita séculos antes pelo profeta Natã ao rei Davi (2 Sam 7, 11-15). A comunidade cristã primitiva entendeu que esse oráculo se cumpriu plenamente no mistério pascal de Cristo. O Pai, ao ressuscitar Jesus de Nazaré dos mortos, filho de Davi, o revela como seu Filho divino (cf. Sal 2,7 e At 13,16-33), o entroniza à sua direita, dando-lhe um reino eterno sobre toda a nova Casa de Israel, que é a Igreja (cf. Sal 110,1 e At 2,25-36; 20,28).
Maria e a Ressurreição
As tradições evangélicas, especialmente os Evangelhos de Lucas e João, estabelecem frequentes conexões entre a Mãe de Jesus e o mistério pascal, entendido como paixão, morte e ressurreição do Senhor. Muitos dos episódios relacionados à Virgem revelam indubitavelmente uma tonalidade pascal. Sem pretender ser exaustivo, agora mencionarei sete passagens em que – de várias maneiras – Maria está no centro da hora de Jesus, quando ele passa deste mundo para o Pai (cf. Jo 13,1).
Os evangelistas sugerem uma conexão altamente sugestiva!
- entre o “ventre virgem” de Maria e o “novo” (virgem) sepulcro de Jesus (cf. Mt 1,18-25; Lc 1,34-35; Jo 1,13 lido no singular com Mt 27,60; Lc 23,53; Jo 19,41);
- entre as faixas com as quais Maria envolveu seu recém-nascido (Lc 2,7b) e as mortalhas em que José de Arimateia envolveu o corpo de Jesus retirado da cruz (Lc 23,53a);
- entre a manjedoura em que Maria deitou o Menino (Lc 2,7c) e o sepulcro em que José de Arimateia colocou Jesus (Lc 23,53b).
É importante destacar que essas três correspondências foram constantemente percebidas pela tradição cristã.
A passagem dos pastores de Belém ao presépio (Lc 2,8-20)
Esta passagem certamente envolve a memória de uma visita que esses pastores fizeram ao recém-nascido, possivelmente nascido de Maria em uma caverna de sua propriedade. No entanto, em termos de redação lucana, esses pastores também se tornam uma figura dos pastores da Igreja. São eles os apóstolos e todos aqueles que colaboraram com eles na proclamação da Palavra após o Senhor ressuscitado tê-los enviado como testemunhas. Sua atividade de anúncio é documentada principalmente no livro dos Atos, também obra de Lucas.
A dimensão eclesial dos pastores de Belém foi percebida de maneira unânime pela antiga tradição patrística, tanto oriental quanto ocidental, desde Orígenes. Dentro desse contexto tipológico e eclesial, Maria faz parte daqueles que, dentro da comunidade de Jerusalém, ouvem a mensagem proclamada pelos pastores-evangelizadores, que são principalmente os Doze (cf. Lc 2,17-18). Ela não se contenta com o “espanto maravilhado” que as palavras e maravilhas realizadas pelos apóstolos vão suscitando em todos (cf. Lc 2,18 e At 2,6-7; 3,10-12).
Maria, por sua vez, “guardava todas essas coisas, meditando-as em seu coração” (Lc 2,19). Isso sugere que ela, à luz da mensagem pascal proclamada pelos apóstolos, volta a refletir sobre as circunstâncias do nascimento de Jesus, das quais ela foi testemunha e protagonista excepcional. Ela faz a exegese disso, compreendendo seu significado completo, agora que os esplendores da ressurreição brilham sobre a Igreja. Até mesmo o Magnificat, por exemplo, seria resultado da meditação pascal da Mãe de Jesus.
A apresentação de Jesus no Templo (Lc 2,22-40)
Esta perícope menciona apenas tangencialmente a purificação de Maria (Lc 2,22.24). O foco principal da narrativa recai sobre o Menino, que é “apresentado“, como todo primogênito do sexo masculino, de acordo com a Lei de Moisés (Lc 2,22-23.27). No entanto, muitos exegetas observam que a cena relatada por Lucas enfatiza não tanto o resgate do Menino, mas sua consagração ao Senhor. Mais do que um primogênito a ser resgatado, o Menino parece ser uma oferta apresentada ao Senhor, como se fosse uma vítima sacrificial. Tanto é verdade que o evangelista não menciona o preço pago pelo resgate.
Em outras palavras, Jesus, de fato, é “o Consagrado do Senhor” (Lc 2,23). Desde o início, no ventre materno, ele pertencia a Deus de maneira única e especial, tendo sido concebido pelo Espírito Santo. Por isso, ele foi “Santo“, isto é, dedicado ao Senhor, totalmente entregue a Ele. O anjo disse isso a Maria (Lc 1,35). E Maria, que guardava todas essas coisas em seu coração (Lc 2,19.51), sabia que Jesus, seu primogênito (Lc 2,7), pertencia ao Senhor de uma maneira que nenhum outro pertencia. Toda a sua vida seria inteiramente dedicada ao Pai.
Portanto, ao cumprir sua purificação pessoal, Maria encontra motivo para apresentar, para oferecer ao Senhor o fruto de seu ventre. Seu gesto lembra o de Ana, que – séculos antes – ofereceu o pequeno Samuel ao Senhor, dizendo: “Eu o ofereço ao Senhor por todos os dias de sua vida; ele está oferecido ao Senhor” (1 Sam 1,28). A ação de Maria, à qual se juntou José, seu esposo e pai do Menino, tem o valor de uma consagração do Filho; uma consagração à qual ela se associa, como se fosse uma única realidade com ele. Portanto, o evangelista pode falar de “sua purificação” (Lc 2,22). Foi uma oferta que envolveu tanto o Filho quanto a Mãe; isso prenunciava o drama da Paixão.
Por enquanto, é apenas um gesto de doação, a primeira oferta sacrificial realizada pelo Redentor através da Mãe, para a mãe, é a primeira associação direta à obra da redenção, um prenúncio distante de sua futura colaboração na oferta sacrificial do Filho.
E também a ti uma espada transpassará a alma, profetizou Simeão a Maria (Lc 2,35)
Nessa “espada“, diversos exegetas contemporâneos – remetendo aos Padres do Oriente e do Ocidente a partir dos séculos IV-V – veem o símbolo da Palavra de Deus, que anunciaria Jesus. Ele, segundo o oráculo de Simeão, é o Servo do Senhor, a luz das nações e a glória de Israel (Lc 2,32; cf. Is 42,6; 49,6). O Senhor tornou sua boca como uma espada afiada (Is 49,2).
A palavra de Jesus, portanto, seria comparada a uma Espada que “…penetra até o ponto de divisão da alma e do espírito, das juntas e da medula, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12). Maria permitiu que seus pensamentos fossem iluminados e julgados pelo brilho daquela espada mística que era a palavra do Filho. Ela guardava suas palavras e eventos (Lc 2,19.51b; cf. Lc 8,1921; 11,27-28). Com sabedoria, preocupava-se em compreender sua profundidade, mesmo quando lhe causavam sofrimento e não entendia imediatamente o sentido (Lc 2,48-50). O ápice desse transpassamento da alma ocorreria na hora da Paixão. Especialmente nos momentos de escuridão densa, Maria permitiu que a espada da Palavra de Deus penetrasse as fibras de seu espírito. Ela perseverou na fé, com abandono sofrido e confiante nas palavras do Filho, quando Ele falava sobre morte e ressurreição.
Outros autores mais numerosos – também se referindo a uma linha da exegese patrística greco-latina, que começou no século V – reconhecem na “espada” profetizada por Simeão a dor intensa que Maria experimentou sempre que o Filho foi rejeitado por seu povo. Isso ocorreu durante o ministério público (cf. Lc 4,16-30), na paixão e morte (Lc 22,47-23,1-56) e posteriormente na vida da Igreja nascente, que foi alvo de contínua perseguição pelos judeus (cf. At 4,1-31; 12,1-17; 13,45; 14,1-7; 28,22). Não se deve esquecer que Maria era membro dessa Igreja (At 1, 14). Como se vê, tanto uma quanto outra das duas interpretações acima orientam para o mistério pascal, como o ápice conclusivo da profecia de Simeão.
Episódio da primeira peregrinação de Jesus de doze anos ao Templo com seus pais (Lc 2,41-51a)
Este é pontuado por muitos motivos pascais. O que Maria e José experimentaram durante o curso dessa história do menino Jesus – primeiro perdido, depois procurado entre parentes e conhecidos e finalmente encontrado no Templo, a casa do Pai – foi um evento aberto para a futura revelação do mistério pascal. Era, portanto, um prelúdio distante e um antecipação profética do que aconteceria aos discípulos nos dias da morte e ressurreição de Cristo. Outra Páscoa viria, durante a qual – também em Jerusalém – os discípulos, tristes e chorosos, perderiam o Mestre e o procurariam aqui entre os mortos. Mas “depois de três dias” (ou seja, “no terceiro dia“), eles descobririam que o Cristo está na Casa de Seu Pai: lá Ele subiu, pois Ele entrou em Sua glória, foi elevado aos céus, foi exaltado à direita do Pai. Lá é necessário “buscá-Lo”, se quisermos viver nossa Páscoa.
As bodas de Caná (João 2,1-12) são narradas no “terceiro dia” (v. 1)
Com essa observação, o evangelista confere também uma dinâmica “pascal” ao primeiro dos sinais realizados por Jesus. Ou seja, o que é contado nesse episódio é figura e penhor antecipado daquilo que a Igreja viverá de forma estável e contínua na era inaugurada pelo “terceiro dia” da ressurreição de Jesus. E esta é a era que abrange toda a duração da Igreja, na qual as bodas da Nova Aliança com o Senhor ressuscitado são celebradas (cf. Jo 3,29 e Ap 19,7). Assim, a presença e o papel que a Mãe de Jesus desempenha no “terceiro dia” de Caná continuam no hoje do “terceiro dia” da Igreja. Como “Mãe de Jesus” (Jo 2,1.3.5.12; 19,25. 26.27) e “Mulher-Mãe da Igreja” (Jo 2,4; 19,26), a Virgem está sempre alerta para despertar em nós, servos do Filho, a obediência ao Evangelho: “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2,5). A acolhida da Palavra promove a união da Igreja-esposa ao redor do Cristo-Esposo (cf. Jo 2,12; 10,16; 15,14).
O testamento de Jesus moribundo (João 19,25-27)
Este está inserido entre os eventos de “sua hora“, quando Ele passa deste mundo para o Pai (cf. Jo 13,1). Até as últimas palavras dirigidas à Mãe (“Mulher, eis o teu filho“: v. 26) e ao discípulo (“Eis a tua Mãe“: v. 27a) fazem com que todo o seu trabalho como Messias Salvador seja concluído (cf. Jo 19,28: “Depois disso…“). Se, hipoteticamente, esse gesto tivesse faltado, algo essencial teria sido deixado de fora do projeto redentor testemunhado pelas Escrituras. Nem tudo teria sido cumprido (cf. Jo 19,30). Em resposta à vontade do Mestre, o discípulo “a partir daquela hora a tomou para casa” (Jo 19,27b), como sua própria Mãe. A partir daquela “hora“, por vontade de Cristo, começa a maternidade espiritual de Maria para todos os discípulos do Filho, e até para toda a humanidade. Note-se, no entanto, que é uma maternidade “pascal“, uma vez que brota também da paixão e ressurreição do Senhor Jesus.
Conclusão
Resumindo os conteúdos apresentados neste artigo, podemos afirmar que a pessoa de Maria de Nazaré está intimamente ligada tanto com a encarnação da Palavra quanto com a sua ressurreição dos mortos. A Igreja dos primeiros cristãos, diante desses eventos supremos na história da salvação, percebeu que Deus havia realizado “grandes coisas” na Mãe de Seu Filho: “O Poderoso fez em mim maravilhas“, como a Virgem mesma cantará em seu hino (Lc 1,49a).
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