Santa Maria discípula do Senhor – Análise dogmático-litúrgica
Neste 4º dia de Novena da Nossa Senhora de Aparecida nós celebramos a Missa: Santa Maria discípula do Senhor. É um título antigo como o tempo, e novo como a luz de cada dia.
Maria, ouve a Palavra, realiza a promessa, torna-se disponível para a vontade do Pai é a Mãe de Jesus, nisso tudo ela é o modelo do discípulo.
Porque?
O discípulo é aquele escuta a Palavra, no Espírito com a qual foi escrita, em Igreja. Nisto consiste o discipulado, e Maria? Na Anunciação escutou a Palavra, desceu o Espírito sobre ela e foi anunciar, como Igreja nascente a Isabel.
Mas hoje as leituras vão ainda mais profundas para falar do discípula da Mestra dos discípulos: no Livro de Ben Sirá fala-se de Sabedoria, pedida no Santuário, portanto, na presença de Deus. E quanto mais florescia, mais a alegria aumentava: imaginem como o anjo da chamou na Anunciação: kekaritomene que significa alguma coisa deste género: aquela que recebeu a karis, ou seja a graça, desde o Passado e contínua a receber na plenitude de ter sido eleita e responder a essa predestinação desde toda a eternidade.
A Sabedoria, oferece-se a quem a escuta, ela oferece-nos inteligência, comove-nos o coração, é o bem mais precioso e leva-nos a glorificar a Deus. É isto que o discípulo faz, tal como Maria:
- Escuta a Palavra e é Mãe da Palavra encarnada
- Comove-nos a tal ponto de nos tornar ágeis, práticos, levar tudo adiante para que o anúncio do Evangelho possa chegar
- leva-nos a reunir todas as coisas e procurar o seu real significado que muitas vezes não é explícito. E isto leva-nos ao Evangelho…
Lemos a famosíssima passagem da perda e do encontro do menino Jesus no templo. Até aqui nada de novo mas como sempre encontramos dois elementos, a primeira a procura no Santuário de cumprir os preceitos da Lei Hebraica, a Sagrada Família inicia como uma família hebraica, mas Jesus completa o preceito da Maioridade, na Páscoa ele é encontrado depois de 3 dias, preanuncio da Páscoa, depois de ser encontrado ele responde que estava a fazer a vontade do Pai, na ressurreição depois de ser encontrado ele responde da mesma forma a Maria de Magdala: não me detenhas que tenho de ir para meu Pai.
E Maria perante este evento da vida de Jesus e as Palavras que foram proferidas?
Pergunta: por que? O Filho responde, ela não compreendeu mas: guardava todos estes acontecimentos dentro do seu coração.
Aqui novamente temos o núcleo do discipulado: reunir, conservar, pensar todos os significados do mistério da salvação que o Mestre revela à discípula.
Vamos tentar definir o discípulo: aquele que responde à proposta de Deus, Maria responde antes de todos nós, de todos os apóstolos à proposta de Deus na Anunciação, segue Jesus, não compreende o mistério revelado e no final… conserva a memória de que um dia fará sentido.
A Mãe torna-se discípula, segue o Filho, está com os Apóstolos e permanece fiel nos momentos cruciais na história da Salvação que Deus decidiu desenhar com Ela a cada etapa, buscando a vontade para a colocar em prática, e tudo isto através da meditação dos mistérios. Sem isso, somos apenas boas pessoas à procura de um mundo mais solidário, fraterno, justo mas mesmo sem Deus isso pode ser alcançado.
A nossa diferença é que nós respondemos concretamente a cada dia à proposta de Deus revelada através de Jesus que veio fazer a vontade do Pai. Onde isso nos leva, não sabemos, mas sabemos qual o destino último: faça-se em mim segundo a tua Palavra!
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