Maria e o Cristo Ressuscitado: mensagem de Páscoa 2025

Queridos irmãos e irmãs da Locus Mariologicus,

Cristo ressuscitou, aleluia! Neste tempo santo da Páscoa, somos convidados a elevar o coração em louvor pelo triunfo de Nosso Senhor sobre a morte. A Páscoa é o centro do anúncio cristão e é sempre o ponto de partida do pensamento mariológico. Com efeito, na “hora” da Paixão e Ressurreição – a hora da glorificação do Filho – Jesus entrega-nos um dom precioso: ao oferecer-se ao Pai na cruz, Ele nos deixa o Espírito Santo e, ao mesmo tempo, confia-nos Sua própria Mãe. Nas suas últimas palavras antes de expirar, ouvimos o Senhor dizer: “Eis a tua Mãe” (Jo 19,27)​. Desse modo, no próprio coração do mistério pascal, Maria Santíssima é dada à Igreja nascente, representada no discípulo amado. A partir dessa hora, a história cristã torna-se um recíproco acolhimento entre a Mãe de Jesus e a comunidade dos discípulos– Maria acolhendo os filhos de Deus, e os discípulos acolhendo Maria como Mãe espiritual.

Maria no mistério da Páscoa: fé e esperança

Contemplemos Maria no silêncio sagrado do Sábado Santo. Após a deposição de Jesus no sepulcro, enquanto os apóstolos se dispersam e os discípulos de Emaús cedem ao desânimo (cf. Lc 24,21), Maria é aquela que manteve viva a chama da fé. São João Paulo II ensina que a espera de Maria no Sábado Santo constitui um dos pontos mais altos de fé, pois “na obscuridade que envolve o universo, Ela entrega-se plenamente ao Deus da vida, recordando as palavras do Filho e esperando o cumprimento das promessas”. Assim, quando chega o alvorecer do Domingo, o coração de Maria já está preparado para acolher a notícia jubilosa da Ressurreição.

Embora os Evangelhos não relatem explicitamente um encontro de Jesus ressuscitado com Sua Mãe, nada nos impede de contemplar esse mistério na fé da Igreja. “Como poderia a Virgem, presente na primeira comunidade dos discípulos, ter sido excluída do número dos que encontraram o seu Filho ressuscitado?” – pergunta São João Paulo II. De fato, é legítimo pensar que Maria tenha sido a primeira pessoa a quem Jesus ressuscitado apareceu, pois ela permaneceu fiel junto à Cruz e conservou íntegra a fé na provação. Sua ausência entre as mulheres que foram ao túmulo ao amanhecer pode ser um sinal de que Ela já se tinha encontrado com Jesus​. Essa antiga intuição piedosa foi partilhada por santos e teólogos ao longo dos séculos​.

Mais importante ainda, Maria participou de modo único de todos os momentos do mistério pascal: esteve de pé aos pés da Cruz (cf. Jo 19,25) e perseverou em oração no Cenáculo (cf. At 1,14). A Virgem Santíssima foi provavelmente testemunha privilegiada da Ressurreição de Cristo, completando assim sua participação em todos os momentos essenciais do Mistério pascal​. Ao acolher Jesus ressuscitado, Maria torna-se sinal e antecipação da humanidade que espera a ressurreição final​. Nela já se vislumbra, em antecipação, a vitória da vida sobre a morte que Deus promete a todos nós.

A alegria inefável de Maria na ressurreição do seu Filho

A Páscoa é tempo de alegria transbordante – e em nenhum coração essa alegria foi tão profunda quanto no coração de Maria. Depois de sofrer ao pé da Cruz as dores da Paixão do Filho, Maria foi preenchida de “alegria inefável” com a vitória da Ressurreição. Por isso, a Igreja exulta e a convida a rejubilar: “Alegra-te, Virgem Mãe!”​. Na liturgia pascal, cantamos a Maria como “Mãe da Luz”, pois Cristo, Luz do mundo, levantou-Se glorioso do túmulo. Ecoando a saudação do Anjo na Anunciação (“Alegra-te, cheia de graça” – Lc 1,28), o “alegra-te” pascal dá forma definitiva ao Kaire da concepção de Cristo​. Ou seja, a alegria do fiat de Maria em Nazaré atinge sua plenitude na alegria pascal da nova criação.

No Regina Coeli – oração que substitui o Ângelus durante o tempo pascal – toda a Igreja se une a Maria Santíssima na celebração da Ressurreição. “Rainha do céu, alegra-te, Aleluia”, reza a antífona, “porque Aquele que mereceste trazer em teu seio, ressuscitou como disse, Aleluia”​. Ao entoar este cântico, recordamos a alegria de Maria pela ressurreição de Jesus, prolongando no tempo o júbilo que lhe fora anunciado pelo Anjo na Anunciação. A fé nos diz que “a Virgem Pascal” – como podemos chamar Maria neste contexto – experimentou como ninguém a felicidade da Páscoa. Aquela que é causa de nossa alegria (Causa nostræ lætitiæ, invocamos nas Ladainhas) partilha agora da glória do Filho e exulta em Deus Salvador com um cântico novo.

Essa alegria materna e divina irradia-se de Maria para toda a Igreja e para o mundo​. A Ressurreição de Cristo, fonte da verdadeira felicidade, inundou o coração da Mãe com uma alegria inexprimível​, encheu de júbilo a Igreja nascente e lançou uma luz nova sobre toda a criação. “O Senhor ressuscitou verdadeiramente!” – esta é a boa nova que transforma os corações. De fato, “se Cristo não ressuscitou dos mortos, nossa fé é vã”. Mas Ele ressuscitou, e nisso encontramos a certeza inabalável de nossa esperança. A vitória de Cristo sobre o pecado e a morte é também a vitória do Coração de Maria, que confiou plenamente nas promessas de Deus.

Maria, mãe da Igreja nascente e modelo de discipulado

Após a Páscoa, Maria permanece entre os discípulos como Mãe amorosa e memória viva de Jesus. Os Atos dos Apóstolos descrevem-na perseverando em oração com os onze, no cenáculo, à espera do Espírito Santo (At 1,14). O Papa Bento XVI recorda que Maria foi “a protagonista, humilde e discreta, dos primeiros passos da comunidade cristã”, estando “no coração espiritual” da Igreja nascente​. Sua simples presença entre os discípulos era já um sinal do dom do Espírito prometido, pois ela que fora “templo do Espírito” desde a Encarnação agora anima a jovem Igreja com sua fé e caridade​. Como Mãe e modelo da Igreja​, Maria ensina-nos a ouvir e guardar a Palavra de Deus, e a permanecer unidos em comunhão fraterna, esperando com confiança o cumprimento das promessas de Cristo.

Na escola de Maria, discípula perfeita de Cristo, aprendemos a vivenciar a Páscoa em profundidade. Maria “observou em primeiro lugar e plenamente a palavra de seu Filho”, demonstra-nos Bento XVI​; ela amou Jesus não só como mãe, mas também como serva humilde e obediente. Contemplando sua fé intrépida, que não vacilou mesmo na noite escura do Sábado Santo, os cristãos de todos os tempos encontram inspiração para confiar na vitória de Deus. Sob o amparo maternal de Maria, a Igreja experimenta a presença do Ressuscitado em seu meio: ela se reúne em torno da Eucaristia, onde Cristo vivo se doa, e persevera unida em oração, certa de que o Senhor cumprirá Sua promessa de estar conosco até o fim dos tempos.

Hoje, Maria continua a exercer seu papel materno na Igreja, guiando os fiéis no caminho da santidade e indicando sempre o centro: Cristo vivo. Ela, que “completa sua participação em todos os momentos essenciais do Mistério pascal”​, convida-nos a entrar também nós nesse mistério. O carisma da Locus Mariologicus – “conhecer melhor Maria para amar mais Maria” – ganha todo o seu sentido na luz pascal. À medida que aprofundamos o conhecimento dos privilégios, virtudes e missão de Maria, somos conduzidos a um amor maior por ela; e amando-a mais, deixamo-nos formar por suas disposições interiores para amar infinitamente mais a Jesus. Maria não retém nada para si: todo verdadeiro amor a Ela transborda em amor a Cristo, pois Maria nos diz sempre: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Conhecer e amar Maria nos leva a crer mais firmemente em Cristo ressuscitado e a testemunhá-Lo ao mundo com renovado ardor.

A alegria pascal com Maria Santíssima

Querida família da Locus Mariologicus, nesta Páscoa renovemos nosso olhar de fé: Cristo vive e caminha à nossa frente! Unida ao seu Filho glorioso, Maria Santíssima intercede por nós e acompanha cada passo da Igreja peregrina. Ela, a “Nova Jerusalém” personificada, resplandece da luz do Cordeiro vitorioso e reflete essa luz sobre nós, seus filhos. Permaneçamos próximos de Maria, sobretudo neste tempo pascal, deixando-nos educar por seu espírito de contemplação, seu silêncio adorante e sua alegria inquebrantável. Assim, nosso amor por ela crescerá, e com ela proclamaremos as maravilhas da Ressurreição.

Enfim, reunidos em oração, elevemos juntos o cântico de louvor: “Exulte de alegria a hoste angélica… Alegrem-se os filhos de Deus!” – pois Cristo ressuscitou verdadeiramente! Que a alegria do Senhor ressuscitado inunde vossas almas e famílias. Na companhia de Maria, a Mãe do Ressuscitado, tenhamos todos uma Santa e Feliz Páscoa, cheios da paz de Cristo e da esperança que não decepciona.

Equipe da Locus Mariologicus

20 de Abril de 2025 – Páscoa da Ressurreição do Senhor, Filho de Maria.

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