A Celebração da Graça: A Apresentação de Maria no Templo
O caminho espiritual da Virgem Maria começa com um evento de profunda significância, celebrado na liturgia cristã como a Apresentação de Maria no Templo. Esta celebração, embora enraizada não na história mas na tradição narrativa do Protoevangelho de Tiago, carrega um simbolismo espiritual profundo. Nele, conta-se que Maria menina, com apenas três anos, é levada pelos pais ao Templo, entregando-se ao serviço divino.
A Evolução de uma Celebração
Inicialmente, esta celebração emergiu em honra à Igreja de Santa Maria Nova, erguida em Jerusalém. Com o passar dos séculos, a festividade atravessou fronteiras, da magnitude bizantina até o coração da Europa Ocidental, com sua celebração formalizada por Sisto V. Este evento litúrgico, apesar de suas incertezas iniciais, ganhou um lugar especial no coração dos fiéis e na nova disposição da Liturgia das Horas.
Maria: O Santuário do Espírito Santo
O cerne teológico desta celebração foca na figura de Maria como a “Kekaritomene”, a plenitude da graça divina. Sua vida é vista como uma resposta contínua e fiel à sua eleição divina. Este reconhecimento da santidade de Maria sugere que sua presença no Templo foi crucial para preservar e cultivar essa santidade excepcional. A apresentação daquela que é Imaculada, faria grande sentido em seu caminho espiritual.
A liturgia do memorial reflete esta santidade, embora com linguagem cautelosa, evitando interpretações subjetivas. A antífona do Magnificat das vésperas ressoa este sentimento: “Santa Maria, Mãe de Deus, Virgem gloriosa, templo do Senhor, sacrário do Espírito Santo!”
O Templo: Espaço de Crescimento e Revelação
A imagem do templo, além da narrativa do Protoevangelho de Tiago, situa a ação divina na vida de Maria em um contexto histórico específico. O Templo, para o povo de Israel, era mais do que um local de reunião; era um espaço de presença de Deus, onde Maria viveu e amadureceu espiritualmente, antecipando sua missão como Mãe do Senhor.
A Liturgia: Eco da Divina Sabedoria
Na liturgia deste dia, destaca-se um hino que celebra os dons divinos concedidos a Maria. Ela é exaltada como a imortal Sabedoria, a Porta do Oriente, e a nova Sarça ardente – uma tapeçaria de imagens que refletem sua singularidade e seu papel crucial na história da salvação.
O Chamado à Imitação de Maria
O que se celebra em Maria é também um chamado a todos os fiéis. Como ensina São Paulo, somos todos templos do Espírito Santo. Da mesma forma, a imagem de Maria como mãe, destacada nos Evangelhos, simboliza a obediência à vontade divina, uma virtude acessível a todos os crentes. Santo Agostinho reforça essa ideia, lembrando-nos de que, embora Maria seja um membro exaltado da Igreja, todos nós compartilhamos dessa dignidade ao sermos membros do Corpo de Cristo.
Conclusão: A Graça Divina Através de Maria
Ao final, a oração coleta deste memorial nos lembra que, ao celebrarmos Maria, buscamos merecer, por sua intercessão, a plenitude da graça divina. Esta celebração, portanto, não é apenas uma recordação da história de Maria, mas um convite para vivenciar e crescer na graça que ela exemplificou em sua vida e missão.
Santa Maria, Virgem da apresentação, rogai por nós!
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