CLEMENTE DE ALEXANDRIA

CLEMENTE DE ALEXANDRIA

(m. 215)

Clemente nasceu por volta do ano 150, provavelmente em Atenas. Tornando-se cristão, vagou na Itália, na Síria e na Palestina. Em Alexandria ele se tornou, primeiro discípulo, depois um continuador de Pantheno no ensino catequético e morreu antes de 215.

Ele escreveu várias obras exegéticas, hoje perdidas; chegaram até nós três obras famosas:

  • Protréptico que se refere à exaltação das virtudes, 
  • o Pedagogo, que aborda o ensino da doutrina da fé 
  • Stromata ou Tapeçarias que apresenta fragmentos dos artigos de fé; 
  • fragmentos de uma coleção de textos do autor gnóstico Theodotus, e alguns escritos menores.

Ele fala de Maria ocasionalmente, em algumas passagens, quase sobrepondo a figura da Virgem-Igreja Esposa do Verbo à figura da Virgem-Mãe. Pela primeira vez o termo de comparação não é a concepção virginal, mas o nascimento virginal e a função materna, tanto de Maria como da Igreja, que é amamentar e criar os filhos com integridade virginal e com amor delicado. A Igreja, de fato, nutre seus filhos não só com os Sacramentos, mas principalmente com a Sagrada Escritura: também ela, como Maria, é Mãe, porque dá virginalmente aquilo de que é fecunda: a Palavra de Deus, que é a Verdade.

O Pedagogo

A Virgem-Mãe Maria, a Virgem-Mãe Igreja

(Pedagogo, I, 6)

Todas as mulheres grávidas, que se tornaram mães, dão leite. Mas Cristo Senhor, fruto da Virgem, não considerou bem-aventurados os seios das mulheres, nem os julgou capazes de nutrir; mas depois que o Pai amoroso e bondoso fez chover a Palavra do céu, ele mesmo se tornou o alimento espiritual dos sábios. Ó milagre místico! Apenas um é o Pai do universo, apenas um é também a Palavra do universo, e um também é o Espírito Santo e está em toda parte. Existe também apenas uma mãe virgem: gosto de chamá-la de Igreja. Só esta mãe não tinha leite, porque era a única que não era mulher: é virgem e mãe ao mesmo tempo; intacta como uma virgem, amorosa como uma mãe. Ela chama as crianças para si e as alimenta com leite, isto é, com o Verbo feito criança. Portanto, ela não tinha leite, porque seu leite era a Palavra, esta linda criança e sua, o corpo de Cristo.

Stromata [Tapeçarias]

Maria é virgem no parto, como as Escrituras

(Stromata, VII,16).

Ao que parece, para muitos e até hoje acredita-se que Maria seja uma puérpera para a geração de seu Filho, enquanto ela não é uma puérpera: de fato, alguns dizem que, examinada pela parteira após o nascimento, ela foi encontrada virgem. Tais são as Escrituras do Senhor para nós, que geram a verdade e permanecem virgens, depois de terem ocultado os mistérios da verdade. “Ela deu à luz e não deu à luz“, diz a Escritura, como aquela que concebeu por si mesma, sem relação conjugal. É por isso que as Escrituras estão grávidas para os gnósticos; as heresias, por outro lado, não tendo aprendido isso, as rejeitam como se não estivessem grávidas.

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