Quem é Bento XVI?
Entre os Sucessores de São Pedro, a Igreja também teve Joseph Ratzinger.
Conhecido e consagrado teólogo alemão, que participou como perito teólogo do Cardeal Arcebispo de Colônia Joseph Frings no Concílio Vaticano II de São João XXIII
- Convocado pelo Papa São Paulo VI para ser Arcebispo de München e Cardeal;
- Nomeado pelo Papa São João Paulo II como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé até 2005
- Com a morte de São João Paulo II, foi eleito Romano Pontífice em 19 de abril de 2005.
Depois da gigantesca figura de João Paulo II, que deu 29 voltas ao mundo em viagens apostólicas, unindo o anúncio de Cristo à expressão de uma profunda relação espiritual com a Madre de Cristo (Totus tuus), olhou-se com certa apreensão e curiosidade para a figura do novo Papa para averiguar qual era o seu testemunho vital e teológico sobre Maria.
A teologia de Ratzinger
Joseph Ratzinger concentra a sua teologia nos temas mais importantes do cristianismo. Entre seus escritos, o que até agora foi considerado um dos mais importantes é a Introdução ao Cristianismo (1969), na qual trata dos grandes temas do Credo Apostólico. Em seguida, vale mencionar o volume Dogma e pregação (1973), uma antologia de ensaios, homilias e reflexões dedicadas sobretudo à pastoral.
Teve uma grande repercussão o discurso que Joseph Ratzinger proferiu na Academia da Baviera sobre o tema: Por que ainda estou na Igreja, no qual, com a sua habitual clareza, afirmou que só é possível ser cristão na Igreja e não à margem dela. Houve muitas publicações do teólogo da Baviera ao longo dos anos:
– 1985, publicou o livro-entrevista Reportagem sobre a fé,
– em 1996, O sal da terra,
– em 2010, Luz do mundo.
Finalmente, após a sua renúncia ao cargo de Bispo de Roma, ofereceu à Igreja suas últimas meditações, publicadas em setembro de 2016, com um título muito significativo: As últimas conversas, nas quais explica, entre outras coisas, as razões de sua histórica decisão.
Uma das questões, que ocupa um lugar particular na teologia de Ratzinger, é a relação entre verdade e razão, entre fé e ciência. Os temas mencionados foram muito atuais ainda durante o pontificado de João Paulo II, a quem Ratzinger está intimamente ligado como executor e inspirador.
Também deve ser notado que o Cardeal Joseph Ratzinger, em nome de João Paulo II, foi quem dirigiu a edição de um complexo documento da Congregação para a Doutrina da Fé, a Mensagem de Fátima. Ele escreveu o desafiador comentário teológico com o objetivo de lançar luz sobre a espinhosa questão do terceiro segredo.
De fato, no Comentário Teológico do Cardeal Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, são identificados e especificados os critérios teológicos para tentar uma interpretação da linguagem simbólica típica da terceira parte do chamado segredo de Fátima. A clara distinção entre revelação pública, característica da Sagrada Escritura, e revelações privadas, a que também pertence a mensagem de Fátima, conduz a não sobrecarregar uma profecia teológica e eclesial de difícil interpretação, que não vincula a fé do fiel.
A teologia de Bento XVI
Como Bispo de Roma, Bento XVI publicou três importantes cartas encíclicas:
– Deus caritas est, de 25 de dezembro de 2005 sobre a natureza e importância do amor de Deus;
– Spe Salvi, de 30 de novembro de 2007 sobre a fonte da esperança cristã que é a fé;
– Caritas in veritate, de 29 de junho de 2009 sobre o amor como ato de liberdade e a verdade como condição necessária para o amor.
Devemos também recordar as 4 exortações apostólicas, todas ligadas à celebração de um Sínodo dos Bispos:
– Sacramentum caritatis, de 22 de fevereiro de 2007 sobre a Eucaristia como ponto culminante da vida da Igreja;
– Verbum Domini de 30 de setembro de 2010 sobre a Bíblia como Palavra de Deus lida e interpretada dentro da tradição da Igreja;
– Africae munus, de 19 de novembro de 2011 sobre o papel da Igreja na promoção da paz e da justiça, ou seja, do bem comum no continente africano;
– Ecclesia in Medio Oriente, de 14 de setembro de 2012 sobre a Comunhão e o Testemunho que a Igreja oferece em um ambiente tão plural desde a aurora do cristianismo.
Também devemos referir os seus três volumes sobre Jesus de Nazaré porque têm chamado a atenção, não só dos fiéis, mas também dos estudiosos, pela sua inerente capacidade de apresentar o mistério, a realidade e a mensagem evangélica do Nazareno.
Apesar de tudo, nunca deixou de exortar toda a Igreja a redescobrir a beleza e o empenho do cristianismo no mundo contemporâneo, a tornar-se cada vez mais verdadeiros discípulos de Cristo e colaboradores da Verdade.
Segundo Bento XVI, deve-se falar de Maria com sobriedade. O exagero, a intemperança da palavra só pode desvalorizar o que se gostaria de exaltar. O Papa aconselha a mortificar, diante do mistério de Deus, a tagarelice porque a profundidade paga o preço! A sobriedade não exclui o calor. A sobriedade nunca é secura ou frieza. Cônjuges ou amigos não precisam de palavras para dizer um ao outro que se amam e estão felizes por estarem juntos.
O silêncio do amor é um elogio maravilhoso, pois elogiar alguém é deixá-lo saber que é digno de ser amado. Para isso, um simples olhar é mais eloquente do que uma quantidade de palavras. Calor e sobriedade: aqui está toda a profunda devoção de Bento XVI.
No próximo episódio trataremos da Conversão mariológica de Ratzinger.
Responses